A Justiça decretou a prisão preventiva de João Vitor Fonseca Vilela, estudante de medicina de 22 anos, acusado de atropelar e matar a corredora Danielle Oliveira, de 41 anos, na madrugada de sábado (15), na MS-010, em Campo Grande. Imagens mostram o jovem aos prantos durante a audiência de custódia realizada na manhã deste domingo (16)
Enquanto a audiência de custódia de João Vitor ocorria no Fórum de Campo Grande, a entrada do prédio foi cenário para os amigos de Danielle se manifestarem com cartazes pedindo Justiça.
O estudante, natural de Piranhas, interior de Goiás, estuda medicina na FAMP (Faculdade Morgana Potrich), em Mineiros (GO), e estava há um mês realizando o internato na Santa Casa de Campo Grande.

Conforme o boletim de ocorrência, João Vitor estava visivelmente embriagado e usava uma pulseira de um bar localizado na capital de Mato Grosso do Sul. No interior de seu carro, a polícia encontrou bebidas alcoólicas. O grupo de corredores que acompanhava Danielle na rodovia afirmou que o veículo fazia zigue-zague na pista.
Justiça por Dani
Na manifestação, a amiga da vítima e também corredora, Luciana Ferraz, relembrou o acidente. Segundo ela, foram momentos de desespero.
“E foi tudo muito rápido. Muito rápido (…) E eu só escutei um barulho e senti um tranco no meu corpo. Nunca imaginei que fosse um carro. Aí vi algo voando, né? Mas não pensei que fosse ela. Quando me virei e olhei para o chão, vi o tênis dela no asfalto. Aí caiu minha ficha: era a Dani que tinha voado. Entrei em desespero, comecei a gritar por socorro (…) Eu só pedia para Deus não levar ela. Implorei. Pensei na filhinha dela, na família, em tantos sonhos, tantos planos. E eu só perguntava: ‘Ela tá respirando? Ela tá respirando?’. Fico com essa imagem dela voando. É muito triste.”
Luciana Ferraz, amiga de Danielle
Corrida e superação
A corrida era mais do que um esporte na vida de Danielle Oliveira; era um símbolo de força e superação. Ela encontrou na força do corpo uma maneira de viver com a dor da perda de sua filha caçula, Geovanna, que faleceu aos quatro anos vítima de um câncer.

A mãe apaixonada pelas filhas virou uma reportagem especial no Primeira Página em 2023. Foram dois longos anos de sofrimento, até que um amigo de Danielle a convidou para uma corrida de rua, uma prova simples de 5 quilômetros. A partir dali, não deixou mais de calçar os tênis.
Danielle deixa uma filha de 18 anos e uma pequena, de 5. O corpo da corredora está sendo velado nesta tarde de domingo, no Memorial Park, em Campo Grande; o sepultamento está marcado para às 15h30.