Mais de 200 supostos integrantes da gangue Tren de Aragua, da Venezuela, foram deportados pelos Estados Unidos e enviados a El Salvador, onde foram levados para uma prisão de alta segurança, segundo o próprio presidente salvadorenho, Nayib Bukele, no domingo (16).
As deportações ocorreram após o presidente americano, Donald Trump, invocar na sexta-feira (14) a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, a fim de facilitar o processo de remoção dos imigrantes.
Mas por que os EUA estão enviando imigrantes venezuelanos para El Salvador, ao invés de devolvê-los à Venezuela?
Por que imigrantes não foram enviados à Venezuela?
Países como Cuba e Venezuela têm relações frias com os EUA e, no passado, limitaram o número de deportados que aceitarão – embora Trump tenha afirmado anteriormente que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, concordou em aceitar de volta os cidadãos de seu país.
O governo venezuelano chegou a publicar um comunicado oficial após a confirmação da deportação dos imigrantes para El Salvador, no qual declara “profunda indignação”.
“A Venezuela rejeita a aplicação de uma lei anacrônica, ilegal e que viola os direitos humanos contra nossos migrantes”, disse o governo da Venezuela, acrescentando sua “profunda indignação pela ameaça de sequestro de crianças de 14 anos”.
A administração do país também fez apelos à comunidade internacional, especialmente à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), para se mobilizar contra o que chamou de precedente perigoso contra toda a região.
Por que El Salvador?
A explicação é, parcialmente, financeira. Segundo um memorando interno visto pela Associated Press, os Estados Unidos devem pagar US$ 6 milhões (aproximadamente R$ 34,2 milhões) a El Salvador pela prisão de 300 supostos integrantes do grupo pelo período de um ano, que pode ser renovado.
“A taxa seria relativamente baixa para os EUA, mas significativa para nós, tornando todo o nosso sistema prisional sustentável”, escreveu Bukele em uma publicação no X, na época em que a proposta foi inicialmente feita às autoridades americanas.
Os imigrantes foram transferidos para o Centro de Confinamento do Terrorismo, uma megaprisão que pode abrigar até 40 mil detentos.
O acordo já havia sido sinalizado anteriormente pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que afirmou no mês passado que o governo do país se ofereceu para hospedar “criminosos perigosos” deportados dos Estados Unidos em suas prisões.
O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, é visto pelo governo Trump como um aliado-chave em seus esforços de imigração na região.
Bukele lançou, em seu país, uma campanha de segurança pautada em intensa repressão, prendendo mais de 80 mil pessoas e reduzindo drasticamente o número de homicídios. Suas políticas são creditadas por Washington por reduzir o número de salvadorenhos que buscam entrar ilegalmente nos EUA.
O crescente controle de Bukele sobre o poder permitiu que ele restaurasse a paz nas ruas de El Salvador, que já foram dominadas por gangues. Mas isso teve um custo. Alguns direitos constitucionais, como o devido processo legal, foram suspensos sob caráter de emergência, levando a um aumento massivo de prisões e a protestos de grupos de direitos humanos.
Com informações da Reuters.