Seja Bem Vindo - 27/06/2025 18:13

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A saúde mental de Mato Grosso pede socorro

Quantas pessoas próximas precisarão morrer para que a saúde mental seja tratada com a urgência que ela exige? Essa pergunta me veio à cabeça ao ouvir o relato da médica psiquiatra Olicélia Poncioni durante a reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa nesta semana.

Só nos primeiros quatro meses de 2025, Cuiabá registrou um aumento de 30% nos casos de suicídio. Em números absolutos, isso representa dezenas de vidas perdidas. Pessoas que, em algum momento, pediram ajuda, ou desistiram de pedir, porque não havia acolhimento, estrutura, escuta ou acesso.

Não é exagero dizer que vivemos uma pandemia invisível de sofrimento mental. A Organização Mundial da Saúde estima que 450 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam transtornos psiquiátricos. O suicídio, sozinho, mata uma pessoa a cada 40 segundos no planeta, e uma a cada 45 minutos no Brasil. Esse não é um problema do outro, é de todos nós.

E os mais afetados? Jovens, entre 17 e 29 anos. Homens, em sua maioria, que muitas vezes foram ensinados a não demonstrar dor. Mulheres, que tentam, mas sobrevivem, por pouco. E uma rede de saúde despreparada para intervir antes que a tragédia aconteça.

Faltam CAPS suficientes, profissionais qualificados, acesso na atenção primária e integração com a assistência social. O paciente busca atendimento no postinho e encontra um vazio. Não por má vontade dos servidores, mas por ausência de política pública estruturada, financiamento adequado e prioridade de governo.

Como servidor público da saúde, conheço esse drama por dentro. Como presidente da Comissão de Saúde da ALMT, me recuso a tratar esses números como rotina. Por isso, defendo: A ampliação imediata da rede de saúde mental em Mato Grosso, com novos CAPS e profissionais nas unidades básicas; A criação de um Plano Estadual de Prevenção ao Suicídio, com ações de base territorial e campanhas permanentes; A formação contínua de profissionais de saúde e educação para identificar e acolher quem está em sofrimento; E a implementação de serviços de teleatendimento e psicoterapia digital, garantindo acesso mesmo nos locais mais distantes.

Essa pauta não pode mais esperar. Precisamos fazer da prevenção ao suicídio uma política de Estado, com orçamento, metas e integração entre saúde, educação e assistência social. Não se combate sofrimento com discursos, mas com estruturas reais de cuidado.

É preciso coragem política para priorizar o que não gera votos fáceis. E é com essa coragem que me coloco à disposição para liderar, junto com colegas da Assembleia, profissionais da saúde e a sociedade civil, um novo tempo de atenção à saúde mental em Mato Grosso.

Porque sim, falar salva vidas. Mas agir com responsabilidade e compromisso público salva muitas mais.

Paulo Araújo é deputado estadual por Mato Grosso, servidor de carreira da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso e presidente da Comissão de Saúde da ALMT.

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online

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