Os vereadores de Cuiabá em fevereiro deste ano, numa estranha febre investigativa, lançaram um Pacotão de CPIs. Quatro requerimentos pedindo a abertura de novas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) foram apresentados na Câmara de Cuiabá. Os autores foram os vereadores Tenente Coronel Dias (Cidadania), Michelly Alencar (União Brasil), Samantha Íris (PL) e Dilemário Alencar (União Brasil).
Uma das CPIs era justamente para investigar o Transporte Público, proposta pela vereadora Samantha Íris (PL), esposa do prefeito Abílio Brunini (PL). A CPI foi criada, mas até agora não foi instalada. Entre a pressa de investigar e a paralisia atual existe um verdadeiro abismo de perguntas sem respostas.
– Por que a CPI ainda não foi instalada?
– Qual é a posição da presidente da CPI? Por que os membros da comissão ainda não foram indicados?
– Os problemas dos usuários do transporte não são mais prioridade? Acabou a febre investigativa?
– Por que os vereadores de oposição não cobram a instalação imediata da CPI?
– Por que os vereadores abilistas não cobram a instalação imediata da CPI?
– Por que o prefeito Abílio não usa suas redes sociais para cobrar os empresários do Transporte Público? O serviço está bom?
– Como está a frequência de repasses de recursos da Prefeitura para as empresas de ônibus? Mensal? Quinzenal? Sem atrasos?
– Por que os empresários estão tão calados? Estão satisfeitos com a Prefeitura e a Câmara? Ou estão muito satisfeitos?
O usuário do Transporte Público, que depende da qualidade do serviço, continua entregue à própria sorte. Os problemas continuam os mesmos, mas os vereadores, o prefeito e os empresários parecem viver uma verdadeira lua de mel.
A proposta da vereadora Samantha Íris era criar a CPI para investigar: 1) toda a estrutura financeira do setor; 2) a questão da tarifa e 3) a situação operacional do transporte público municipal. A CPI foi criada e até agora não foi instalada. Um mistério político: como um problema tão grave para o cotidiano dos cuiabanos transformou-se numa pauta desprezada? Como a CPI morreu sem nunca ter nascido de verdade? Vale lembrar: a CPI do Transporte era uma exigência do prefeito. Era! Já era?
A gratuidade do Transporte aos domingos, projeto de lei de autoria do prefeito Abílio, aprovada pela Câmara por 27 votos favoráveis, parece ter resolvido, num passe de mágica, todos os problemas de quem usa os ônibus. Mas o presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo de Mato Grosso (Assut-MT), Pedro Aquino, cobra a instalação da CPI do Transporte Público de Cuiabá. Cobra porque os usuários continuam sofrendo com um serviço de péssima qualidade.
A população cuiabana tem o direito de desconfiar e querer saber: a CPI foi empurrada para debaixo do tapete para sempre? É um estranho caso de uma CPI criada e não instalada. Virou pizza antes de começar.
Não há saída para a Câmara de Vereadores de Cuiabá. Sem explicação para coisas estranhas que acontecem, a Câmara continuará a pagar a má fama de Casa dos Horrores.