A sensível relação entre crédito e endividamento

Nos dias atuais, o endividamento é um fato que está inserido naturalmente na vida de qualquer cidadão. Isso porque para consumir qualquer tipo de produto ou serviço é necessário que as pessoas se endividem.

Quando partimos para uma análise onde aprofundamos o tema de crédito chama a atenção o processo de expansão do crédito ao consumidor, seja com parcelamentos longos, seja com o crédito facilitado mediante parcelamentos nos mercados, nas concessionárias, no crédito com desconto em folha de pagamento, abertura de contas bancárias, emissão de cartões de crédito, créditos para os aposentados com descontos nos benefícios INSS.

Ou seja, temos uma avalanche de opções para acessar limites de crédito por meio de uma política onde o consumidor apresentar condições ou não para evitar a inadimplência não é um problema. Isso se deve à possibilidade do sistema financeiro se alavancar, assustadoramente, com a cobrança dos juros.

E há consumidores de todos os tipos, os mais conscientes, os precavidos, os disciplinados, os impulsivos e até mesmo os inconsequentes e vários outros tipos. O que não dá para negar é que a postura do consumidor em relação ao consumo demonstra, em muitas vezes, o propósito por trás da compra.

Às vezes, esse propósito é realizar um desejo de longa data, atender a um impulso irrefreável, seja um desejo de autoafirmação, se distinguir dos outros ou simplesmente atender às necessidades básicas do dia a dia. No fim, todos são consumidores e agem como tal, o que significa dizer que, observando de perto suas crenças, valores e atitudes, é possível aprender mais sobre eles.

O que é fato é que se a tomada do crédito não for feita de forma consciente leva, inevitavelmente, ao endividamento que pode se tornar muito nocivo à sua financeira de qualquer cidadão.

O endividamento da família brasileira já ultrapassa 78% — é o que aponta uma pesquisa do SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

E os impactos são muitos. Além da perda de patrimônio, ele chega a impactar a vida social do endividado.

Quanto maior for o endividamento, maior será o impacto no custo do crédito e na análise e riscos da concessão de crédito. Isso significa que além de ficar mais complicado conseguir crédito para compras, a aprovação de empréstimos também pode ficar mais difícil.

O endividamento acontece quando o consumidor faz uma compra ou empréstimo e se compromete com o pagamento de parcelas futuras. Neste caso, o consumidor ainda não está com a parcela vencida, ele está apenas em situação de endividamento, não em inadimplência.

Já a situação de inadimplência ocorre quando os consumidores estão com contas vencidas e atrasadas efetivamente. Figuram como inadimplentes somente aqueles que não conseguiram pagar as contas no dia pré-determinado. Neste caso, após decorrido o prazo estipulado o consumidor terá seu CPF negativado nos órgãos de proteção ao crédito (Serasa e SPC) diferentemente do endividamento financeiro, que não gera nenhum tipo de negativação.

Muitas são as causas que podem gerar o endividamento, dentre elas as que mais se repetem no dia a dia são:

Redução de renda

A redução da renda média familiar e o aumento do acúmulo de dívidas podem ocasionar a inadimplência. Isso pode acontecer por diminuição do salário ou até mesmo pela perda do emprego. O desemprego também está entre as principais causas. Numa situação como essas, o primeiro passo é rever o planejamento financeiro para reduzir despesas que sejam passíveis de redução ou até mesmo eliminar algumas que não se enquadram como de primeira necessidade. Garantir um planejamento financeiro eficiente faz grande diferença em momentos como esse. E, também, vem daí a importância de um conceito que sempre trazermos aqui na coluna que é a criação da reserva de emergência.

Empréstimos e financiamentos mal planejados

Solicitar um empréstimo ou fazer um financiamento pode ser necessário na hora de realizar um sonho, mas esse passo deve sempre ser dado de forma muito consciente e contar com um bom planejamento. Feito de forma impensada ou impulsiva, essas contratações tendem a dificultar ainda mais a situação.

Falta de controle financeiro

Aqui está uma das principais causas que incorrem no endividamento. A falta de controle financeiro é grande vilã neste assunto. Ter um bom planejamento financeiro é boa parte do caminho para evitar cair na armadilha do endividamento.

A sensível relação entre crédito e endividamento destaca tanto as oportunidades quanto os desafios que o acesso ao crédito pode proporcionar. Quando utilizado com responsabilidade, o crédito pode ser uma ferramenta poderosa para alcançar objetivos, realizar investimentos e lidar com emergências financeiras.

No entanto, a falta de planejamento e a má gestão das dívidas podem levar ao endividamento excessivo, com sérias consequências financeiras e emocionais.

É fundamental que indivíduos e instituições financeiras promovam a educação financeira e incentivem práticas responsáveis no uso do crédito. Apenas assim será possível equilibrar as vantagens do crédito com os riscos do endividamento, garantindo que essa relação contribua para a estabilidade e o crescimento financeiro de forma sustentável.

Portanto, o crédito não deve ser visto como um vilão, mas como um recurso que, bem administrado, pode melhorar a qualidade de vida e possibilitar o alcance de metas pessoais e profissionais. A chave está no equilíbrio e no conhecimento para fazer escolhas conscientes.