Abilio Brunini cita dívida de R$ 30 milhões

A apreensão de ônibus do transporte público de Cuiabá, gerada por falta de pagamentos, causou transtornos à população na manhã desta terça-feira (18). Diante do caso, o prefeito Abilio Brunini (PL) se manifestou citando uma dívida de R$ 30 milhões, que teria sido deixada pela gestão anterior.

Ao Primeira Página, o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) afirmou que havia uma dívida de R$ 23 milhões, referentes a cobranças de juros e multas, e que esse valor era de conhecimento do atual prefeito.

Dívida dos ônibus

Segundo Abilio, a dívida com empresas de ônibus de Cuiabá é referente aos serviços de gratuidade, que devem ser ressarcidos pelo município, como o passe livre para estudantes, idosos e pacientes em tratamentos de saúde.

No pronunciamento, publicado no site oficial da prefeitura, o prefeito afirma que o então gestor de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), fez pressão em empresas para compra de novos veículos, mas, não teria feito o pagamento necessário.

Da quantia gerada na dívida, R$ 8 milhões são da empresa Caribus – responsável pelos ônibus que foram apreendidos pela Justiça na manhã de hoje, na região do Osmar Cabral.

Transtorno aos usuários

Moradores que foram ao terminal do Osmar Cabral, em Cuiabá, na manhã desta terça-feira (18), se surpreenderam com a falta do transporte coletivo.

Em diversos vídeos e relatos enviados ao Primeira Página, os usuários denunciam não apenas a ausência do transporte público, mas, a falta de justificativa. 

Vídeos mostram pessoas ao redor de ônibus que estão parados no terminal:

Por meio de nota, a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) informou que notificou a empresa responsável pelos 31 coletivos apreendidos e pediu que ela coloque ônibus reservas para atender moradores da região Sul de Cuiabá – que engloba bairros como Pedra 90, Osmar Cabral, Pascoal Ramos e Jardim Industriário.

Além disso, Abilio Brunini autorizou que ônibus dos anos 2013 e 2014 rodem nos bairros afetados para suprir a demanda.

Enquanto isso, a Secretaria Municipal de Fazenda informou que efetuou o pagamento da quantia de R$ 8 milhões à Associação Mato-Grossense dos Transportadores Urbanos (AMTU), responsável por transferir a quantia à empresa Caribus.

O valor seria referente à compensação dos serviços gratuitos ofertados aos usuários do transporte coletivo na segunda quinzena de janeiro deste ano.

O que diz a Caribus

Também em nota, Caribus Transportes diz ter sido “surpreendida pela apreensão de nossos veículos, mesmo estando em negociação com o banco para a regularização da situação” e que “devido a um atraso maior neste mês, a instituição financeira optou por recorrer à Justiça”.

A empresa diz estar empenhada em resolver a questão e em busca de “alternativas para minimizar os impactos dessa situação em nossos colaboradores e clientes”.

O que diz a AMTU

De acordo com a AMTU (Associação Mato-Grossense dos Transportadores Urbanos), cada empresa do sistema de transporte público recebeu o pagamento da parcela destinada. Além disso, acrescenta que o prefeito busca “pagar mais 2 milhões do atrasado para resolver o problema da Caribus”.

O que diz Emanuel Pinheiro

O Primeira Página entrou em contato com o ex-prefeito de Cuiabá, que negou a dívida citada por Abilio.

Segundo Emanuel Pinheiro, havia uma dívida de R$ 23 milhões em multas e juros nos transporte público, que foi citada durante uma mesa técnica do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) no ano passado e que o valor era de conhecimento de Brunini quando ele assumiu o cargo.

“Eu não tinha condições de pagar naquele momento, fizemos uma mesa técnica, pagamos regularmente até dezembro o transporte coletivo em Cuiabá. Mesmo que eu continuasse na gestão, eu não conseguiria pagar. Então, talvez ele esteja se referindo a esse valor de multas e juros” disse Pinheiro.

Emanuel ressaltou, ainda, que durante oito anos à frente da gestão de Cuiabá, não passou por paralisações ou casos semelhantes a esse no transporte público e que Abilio “faça uma outra reflexão e tire essa sensação de jogar tudo para cima de mim, no passado”.