A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) passou a oferecer um espaço exclusivo para acolher vítimas de violência ocorrida dentro do campus de Cuiabá. A Sala de Acolhimento, inaugurada no mês passado, foi criada para agilizar o atendimento às vítimas e fortalecer a rede de proteção da instituição — uma demanda que vinha crescendo entre alunos, servidores e terceirizados.
Localizado no Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade de Direito, o serviço funciona das 7h30 às 22h e conta com uma equipe multidisciplinar formada por assistente social, psicólogo, sociólogo e estudantes de Direito. O objetivo é prestar escuta qualificada, orientar sobre direitos, evitar a revitimização e encaminhar cada caso aos órgãos competentes.
“Esses casos são sensíveis, e é preciso preparo para acolher as pessoas para que elas não se sintam revitimizadas”, explica a secretária de Direitos Humanos da UFMT, Onice Teresinha Dall’oglio.
Resposta a casos que abalaram o campus
A iniciativa surge após episódios que ampliaram a sensação de vulnerabilidade dentro da universidade. No fim de julho, o corpo de uma mulher de 52 anos foi encontrado em uma área desativada do campus. A perícia confirmou que ela foi vítima de violência sexual. No mesmo mês, outros registros de agressão e importunação sexual também vieram à tona.
Esses casos mobilizaram a comunidade acadêmica e reforçaram a necessidade de criar um canal de apoio imediato às vítimas.

Insegurança altera rotinas
Para quem circula diariamente pela universidade, o medo ainda faz parte da rotina. “Com as notícias que a gente teve, não dá para dizer que me sinto segura, principalmente sendo mulher. Sempre ando acompanhada, principalmente à noite”, afirma a estudante Anne Louise Pereira Viana.
Outra aluna conta que mudou totalmente a forma de se deslocar no campus. “Eu só ando em grupo. Usamos muito o Ligeirão, o ônibus da universidade, para evitar trajetos mais isolados. Caminhar sozinha não é uma opção”, disse.
O que o espaço oferece
A Sala de Acolhimento atende vítimas de diferentes formas de violência, incluindo:
- violência sexual
- agressão física
- assédio moral
- assédio sexual
- importunação
- racismo
- capacitismo
- discriminações diversas ocorridas no campus
O espaço funciona como porta de entrada para apoio e orientação, mas não substitui os canais formais de denúncia, nem o registro de boletim de ocorrência.
“A sala não existe para receber denúncias, mas para acolher as pessoas que sofreram qualquer tipo de violência dentro da instituição e orientá-las sobre como proceder”, reforça a equipe.
Ambiente de acolhimento e informação
Para muitas estudantes, o novo espaço representa um avanço na proteção de quem vive o dia a dia universitário. “Ter um ambiente seguro, onde podemos ser escutadas sem julgamento, faz toda a diferença. Às vezes não tem câmera, não tem prova, e a gente fica sem saber como agir. Esse acolhimento guia e ampara”, diz uma aluna.
A expectativa é que o serviço fortaleça a cultura de prevenção à violência, incentive a procura por ajuda e amplie o debate sobre segurança na UFMT.
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