O governo de Mato Grosso, comandado por Mauro Mendes (União), avalia a substituição de policiais militares que trabalham em funções administrativas por estagiários, chamados de “residentes técnicos”. A medida, revelada em áudio do coronel José Nildo, da PMMT, visa realocar esses agentes para a rua, em meio à crise de segurança e à recente desistência da contratação de policiais temporários.
No registro, o coronel orienta um subordinado a levantar, “urgentemente”, quantos policiais administrativos poderiam ser deslocados para a “atividade-fim” (patrulhamento e operações) caso seus postos fossem ocupados por residentes técnicos – categoria de estágio de nível superior.
“Manda para a Vládia a quantidade de residente técnico que você consegue absorver aí, mandando o policial que tá na administração para rua, tá?”, diz Nildo no áudio. Ele enfatiza que a informação é prioritária: “O secretário vai levar para o governador para contratar residente técnico para gente […] É uma oportunidade de ter mais gente trabalhando”.
A proposta sugere uma troca “um por um”: cada vaga de policial administrativo liberada seria preenchida por um residente. “Se conseguir mandar 10 policiais da administração para rua, em tese, vocês vão receber 10 residentes”, explica.
Contratação de civis x falta de efetivo
A iniciativa surge semanas após o governo abandonar a polêmica proposta de contratar policiais temporários – criticada por especialistas em segurança, que alertavam para riscos de formação inadequada. Agora, a aposta é em estagiários para funções burocráticas, liberando PMs para o front.
O PNB Online demonstrou que as contratações temporárias viraram um recurso recorrente na gestão atual. Durante o governo de Mendes, pela primeira vez na história, o Estado teve mais servidores temporários do que efetivos.
Mais de 1100 candidatos aprovados em concurso público aguardam para ingressar na Polícia Militar de Mato Grosso. Atualmente, o déficit é de quase 6 mil policiais militares no Estado. Dos 12.911 cargos criados para diversas patentes, apenas 6.992 estão atualmente ocupados. Em mais de uma ocasião, o governador declarou que não chamará todos os aprovados.