A Federação Mato-Grossense de Futebol (FMF) enfrenta uma das fases mais delicadas de sua história, marcada por sérias dificuldades financeiras, descumprimento de compromissos legais e uma disputa judicial que paralisou o processo eleitoral da entidade. Além disso descumpriu um TAC com o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e teve multa aplicada superior a R$ 600 mil. Porém, nenhum valor foi encontrado nas contas da entidade.
Desde 2017, a FMF é parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Estado de Mato Grosso. O acordo visava garantir o cumprimento do Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003) e da Lei Pelé (Lei nº 9.615/98), especialmente no que se refere à transparência e estabilidade dos regulamentos dos campeonatos estaduais das primeiras e segundas divisões. Um dos pontos centrais do TAC exige que os regulamentos tenham vigência mínima de dois anos, sem alterações, e que permaneçam publicados por, pelo menos, quatro anos.
No entanto, após análise documental e consulta ao site oficial da FMF, o Ministério Público concluiu que a entidade não vem cumprindo integralmente os termos do acordo. Entre as irregularidades, está a violação do prazo mínimo de vigência dos regulamentos e a ausência de sua publicação contínua. Com base em relatório técnico emitido em 2024, o MP moveu ação para execução de multa que soma R$ 660.500,00.
Conta bancária zerada
A situação financeira da FMF é crítica. Durante processo judicial movido em 2025, a própria Federação alegou “hipossuficiência”, declarando não possuir recursos sequer para pagar R$ 13 mil em custas processuais. Como alternativa, a entidade ofereceu o prédio da sede como forma de garantir a execução da dívida.
“O perigo ocorre da magnitude da execução, vez que a FMF não tem condições de arcar com o montante devido, sendo que seria necessário que o parquet efetivamente executasse seu único bem considerável (sede da FMF)”, afirmou a Federação em trecho na ação.
A crise financeira se agrava com a instabilidade institucional. O processo eleitoral para escolha do novo presidente está judicialmente paralisado. A eleição marcada para 03 de maio foi suspensa por decisão judicial após a constatação de irregularidades. João Dorileo Leal, da chapa “Federação para Todos”, disputa o comando da entidade com Aron Dresch, ex-presidente que tenta um terceiro mandato, embora o estatuto da FMF o proíba de concorrer novamente.
Diante do impasse, a juíza Ana Cristina Mendes nomeou um interventor para comandar provisoriamente a Federação. Contudo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não reconheceu a decisão e tenta nomear Luciano Dahmer Hocsman, presidente da Federação Gaúcha, como gestor interino. Dorileo Leal, por sua vez, nega vínculos políticos e defende uma eleição transparente.
Com a disputa política sem solução e a grave situação econômica com risco de não quitar a folha salarial dos servidores, a FMF encontra-se em um momento decisivo, que pode comprometer não apenas a gestão esportiva, mas o futuro do futebol profissional no estado.
Outro lado
Aron Dresch foi contactado, mas não encaminhou nenhuma resposta. Assim que ele se manifestar adicionamos o lado do ex-presidente da FMF na reportagem.