A Sejusp (Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) afirmou que as delegadas da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) envolvidas no atendimento que antecedeu o assassinato da Vanessa Ricarte não serão afastadas dos cargos. A vítima de feminicídio foi morta pelo ex-noivo Caio Nascimento na última quarta-feira (12).
Ao longo desta terça-feira, diversas representantes do setor de Segurança de Mato Grosso do Sul passaram o dia em discussões amplas sobre o atendimento às mulheres em Campo Grande. As reuniões foram fechadas e abordaram diversas necessidades expostas após o feminicídio de Vanessa Ricarte.
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Delegadas não formalizaram afastamento
Conforme a secretaria, “não foram formalizados novos pedidos de transferência de delegadas que atuam na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher”.
Os ataques às autoridades policiais nas redes sociais levaram toda a equipe da delegacia especializada a assinar uma carta de apoio às delegadas Riccelly Donha e Lucélia Constantino, que atenderam à jornalista no dia do crime. A titular da Deam, Eliane Benicasa, também foi contemplada pelo apoio das colegas, na carta. (Confira a carta abaixo).
Ainda conforme a Sejusp, em nota divulgada na noite desta terça-feira (18), o atendimento permanece sendo realizado regularmente na DEAM, “com funcionamento 24 horas por dia e oferecimento de todos os serviços de atribuição da unidade”.
Assassino de Vanessa Ricarte está em presídio
A Sejusp também lembrou que a apuração dos fatos que envolvem o atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio, será concluída em 30 dias. Enquanto isso, Caio Nascimento está isolado em uma cela na Penitenciária da Gameleira 2, em Campo Grande.

A carta
Na carta direcionada ao DPE (Departamento de Polícia Especializada), DGPC (Delegacia-Geral de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul) e ao governo de Mato Grosso do Sul, a equipe da DEAM cita que as profissionais têm sido alvo de “injúrias, ataques verbais e agressões morais na imprensa” ao manifestarem total apoio às delegadas que atenderam à jornalista no dia do feminicídio.
Atualmente, 11 delegadas estão lotadas na 1ª DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Campo Grande, conforme a Polícia Civil.
“Expressamos nossa indignação diante dos ataques injustos e sensacionalistas dirigidos à nossa equipe, que se dedica há anos à proteção e defesa das vítimas de violência. Nossa atuação é pautada na legalidade, na técnica e no compromisso com a verdade e a justiça. As delegadas, investigadores e escrivães trabalham de forma séria e incansável na investigação de crimes, enfrentando agora incompreensões e ataques que buscam desqualificar nosso trabalho e desviar o foco do verdadeiro problema: a violência contra a mulher e a efetividade das Políticas Públicas.”

Conforme a carta, as críticas dirigidas às delegadas “não apenas atentam contra a honra e a dignidade dessas profissionais”, mas também contra toda a equipe da especializada e “todas as mulheres que atuam na segurança pública, comprometidas com a defesa dos direitos das vítimas e a responsabilização dos autores de crimes”.
“Manifestamos total apoio à nossa Delegada Titular, Dra. Elaine Cristina Ishiki Benicasa, e às Delegadas Dra. Riccelly Donha e Dra. Lucélia Constantino, que sempre priorizaram o atendimento humanizado às vítimas.”
Na carta, as delegadas também criticam a “exploração midiática” do caso e reafirmam a “missão de proteger e garantir justiça às vítimas de violência”.