Membros da CPI do Transporte Coletivo começaram, nesta segunda-feira (28), a colher depoimentos que vão ajudar a entender as denúncias de irregularidades nos ônibus de Campo Grande.
Durante depoimento, a engenheira civil e especialista em mobilidade urbana, Lucia Maria Mendonça Santos, destacou que “na literatura técnica, vários estudos comprovam que o passageiro, de um modo geral, ele até reclama da tarifa. Mas ele não está tão preocupado com a tarifa, quando o nível de serviço atende a expectativa dele. No entanto, o maior problema é que além da tarifa ser alta, ela não atende as expectativas de quem viaja nele”, disse.
A concessão do transporte coletivo está próxima de completar 13 anos, após o contrato ser assinado em 2012. O Consórcio Guaicurus apresentou, à época, 584 ônibus, mas atualmente possui 470 veículos, uma redução de 114 coletivos.
Até o fim de maio, estão previstos os depoimentos de pelo menos mais 10 pessoas. A maioria está ligada às Agências Municipais de Trânsito e de Regulação dos Serviços Públicos, responsáveis por fiscalizar o serviço.
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O presidente da CPI, vereador Dr. Lívio, reforça que, até o momento, já são quase 450 denúncias quanto à qualidade do transporte da capital.
“A gente tem reclamação de superlotação, de atrasos, de terminais com estrutura precária, a falta de fiscalização dentro do próprio terminal, pontos de ônibus, falta de elevadores-descaso com a população com deficiência”, afirmou.
Durante o levantamento de documentação, os membros da comissão tiveram dificuldade ao acesso de informações, que estão concentradas com o Consórcio Guaicurus. Para Lúcia Maria, os dados devem ser públicos e administrados pela prefeitura.
“Uma das melhores formas de transformar a receita pública, ou seja a prefeitura, o órgão gestor que controla a venda do vale-transporte, dos passes de ônibus, etc. Porque vocês já perceberam que o vale-transporte é uma receita à vista, o empresário compra o vale-transporte nas empresas, as empresas trabalham com esse dinheiro, mas nós não sabemos o quanto ele rende”, pontuou.
Responsabilidade
Já a relatora da CPI, vereadora Ana Portela, ressalta que esse é o papel da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), e que no ano passado teve orçamento aprovado em R$ 8 milhões.
“Essa CPI vai servir para gente sentar com os órgãos competentes e para gente fazer com que eles realmente entreguem o que é o papel deles. Eles têm recurso, eles têm tudo pra poder entregar pra população, só não estão entregando”, pontuou.
Ao todo, a CPI tem prazo de 120 dias para concluir as investigações. Entretanto, a data poderá ser. A reportagem ouviu a auxiliar de serviços gerais, Ana Cristina Silva Rodrigues, que é usuária ativa dos transportes coletivos em Campo Grande.
“Às vezes está sujo, molhado, está caindo as coisas. Está caindo tudo, fazer o quê? Campo Grande é assim. Do jeito que tá não dá não”, desabafou.