O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira (25), após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A prisão ocorre depois que a Corte rejeitou os últimos recursos apresentados pela defesa contra a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.
Segundo a Polícia Federal, Collor foi detido por volta das 4h no aeroporto de Maceió (AL), enquanto se preparava para embarcar para Brasília. Ele permanecerá sob custódia na Superintendência da PF em Maceió até que o STF defina o local definitivo para o cumprimento da pena.
A sentença se baseia na acusação de que Collor recebeu cerca de R$ 20 milhões em propinas por meio de contratos firmados entre a BR Distribuidora — subsidiária da Petrobras — e a empreiteira UTC, entre os anos de 2010 e 2014. O ex-presidente foi condenado em 2023 a 8 anos e 10 meses de prisão.
A decisão de Moraes, divulgada na quinta-feira (24), considerou que os recursos da defesa tinham caráter “protelatório”, e determinou a execução imediata da pena. Ainda nesta sexta-feira, o plenário virtual do STF irá analisar a decisão individual de Moraes, mas a ordem de prisão segue válida enquanto isso.
Além de Collor, os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim – diretor de um veículo de comunicação de Alagoas – e Pedro Paulo Leoni Ramos – ex-ministro de Collor – também foram condenados no mesmo processo.
As investigações apontaram a atuação de Collor como intermediador dos contratos fraudulentos em troca de vantagens ilícitas.
Acusações e desdobramentos
Collor foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2015 pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, peculato e obstrução de Justiça.
Parte das acusações, como organização criminosa, já estavam prescritas à época da condenação, e outras foram descartadas pelo STF.
A investigação teve como base depoimentos de delatores como o doleiro Alberto Youssef, o empresário Ricardo Pessoa (da UTC) e Rafael Ângulo, que detalharam o repasse de valores diretamente a Collor.
Quem é Fernando Collor?
Nascido no Rio de Janeiro em 1949, Fernando Collor construiu sua carreira política em Alagoas. Foi prefeito de Maceió, deputado federal e governador antes de se tornar presidente da República em 1989, na primeira eleição direta pós-ditadura militar.
Ficou conhecido como o “caçador de marajás”, por seu discurso contra altos salários no funcionalismo público.
Seu governo (1990–1992) ficou marcado pelo Plano Collor, que confiscou parte das economias da população para tentar conter a hiperinflação, e também por escândalos de corrupção. Acusado de envolvimento em um esquema comandado por seu tesoureiro de campanha, PC Farias, Collor enfrentou um processo de impeachment. Ele renunciou antes da votação final no Senado.
Após anos afastado, voltou à política como senador por Alagoas em 2006, cargo que ocupou por dois mandatos consecutivos, até 2023. Agora, torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso desde a redemocratização.
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