O senador Jayme Campos (União-MT) denunciou nesta segunda-feira (22.09) a desigualdade na distribuição de médicos em Mato Grosso e relatou que moradores de cidades do interior percorrem até 400 quilômetros em busca de atendimento, muitas vezes chegando em estado grave aos hospitais. A declaração foi feita durante audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que discutiu a criação do Exame Nacional de Proficiência Médica. A proposta deve voltar à pauta de votação ainda nesta semana.
Segundo o parlamentar, muitos dos 142 municípios mato-grossenses não contam com nenhum médico em atividade. “O cidadão vai em cima de uma carroceria, de uma caminhonete, de uma ambulância caindo aos pedaços. Quando chega lá, está praticamente morto”, disse, emocionado.
Dados da Demografia Médica 2024, elaborada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), mostram a disparidade dentro do estado: enquanto Cuiabá tem 6,16 médicos para cada mil habitantes, acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 3,7 por mil, o interior registra apenas 1,51 por mil habitantes.
Campos criticou a abertura de 151 cursos de medicina durante o governo Dilma Rousseff e afirmou que a proliferação de faculdades de baixa qualidade contribuiu para o cenário atual. “Na pandemia, lamentavelmente, morreram brasileiros por falta de médicos competentes. Médicos que muitas vezes não tinham nem se formado, ainda estavam no quinto ano, já estavam nos hospitais tentando entubar”, declarou.
O senador defendeu a aprovação do exame de proficiência como forma de assegurar a qualidade da formação médica no país. Segundo ele, a medida deve proteger a população contra profissionais despreparados e garantir atendimento também a quem vive longe dos grandes centros.
O projeto em discussão no Senado busca criar um padrão nacional de avaliação para formandos em medicina, independentemente da instituição de ensino, estabelecendo conhecimentos mínimos para o exercício da profissão.