Três fatos marcaram a última semana do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União). O primeiro fato é uma constatação a partir do caráter do governador: engenheiro por formação e racional até a sola do pé, Mauro Mendes recusou fazer o jogo sujo da mentira disfarçada de verdade conveniente da extrema-direita bolsonarista. Com personalidade e coragem, Mendes rejeitou a estratégia do vitimismo dos bolsonaristas, que tentam transformar a UTI onde Bolsonaro está internado em altar de veneração ao Mito adoecido e injustiçado pela lei dos homens.
Mauro Mendes minimizou as reclamações dos bolsonaristas por conta da intimação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Justiça Federal, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em Brasília, onde se recupera uma cirurgia no intestino. Para ele, não houve nenhum problema ou ilegalidade, tendo em vista que Bolsonaro chegou a dar entrevistas da UTI, fez longas lives e recebeu aliados para reuniões políticas.
“Eu acho que a intimação ela pode ser feita. Ele deu entrevista lá, recebeu intimação, e não atrapalha o processo de recuperação”, disse Mauro Mendes nesta sexta-feira (25) durante inauguração da nova ponte que liga Cuiabá e Várzea Grande.
A declaração de Mendes derrubou o esforço da narrativa de lideranças da extrema-direita bolsonarista de usar a UTI, espaço de tratamento de saúde, em cenário para operar a campanha de anistia que tem por objeto livrar Bolsonaro de uma condenação por liderar a tentativa de golpe de estado no país.
Bolsonaristas raiz, como o deputado federal José Medeiros (PL) e o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), e o bolsonarista de ocasião, o senador Wellington Fagundes (PL) fizeram várias publicações nas suas redes sociais vendendo a ideia de que o ministro Alexandre de Moraes teria “profanado” o espaço sagrado da UTI para intimar o ex-presidente da República. Em óbvio, a turma do capitão esconde a verdade: foi Bolsonaro quem avacalhou a imagem de seriedade de uma UTI, ao usar o espaço de saúde para fazer política e autopromoção. Quem faz horas de live pode segurar uma caneta na mão e assinar uma intimação, simples assim. Mauro Mendes deu uma lição de honestidade e de respeito aos fatos.
Mendes x Riva
Outro destaque da semana do governador foi mais uma rodada de troca de chumbo entre Mendes e Riva, ambos pré-candidatos ao Senado em 2026.
Os jornalistas Vinicius Mendes e Pablo Rodrigo de A Gazeta registram as escaramuças entre Mauro e Janaína.
O governador Mauro Mendes (União) decidiu “partir pra cima” da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada por lideranças partidárias na Assembleia Legislativa, que visa estabelecer equiparação da Revisão Geral Anual (RGA) com o aumento da Unidade de Padrão Fiscal (UPF), elaborado pela Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso (SEFAZ-MT).
“Tem uma PEC lá que fala que tem 20% de RGA. Foi comentado isso, feito audiência pública. Isso dá R$ 3,5 bilhões a mais de despesa para o Estado. E todos nós, mato-grossenses, anualmente iremos pagar. Isso praticamente destrói as finanças públicas de Mato Grosso”, disse o governador nesta sexta-feira (25).
A declaração de Mendes tem por base a discussão dos deputados que, além da PEC, busca discutir a reposição inflacionária das perdas que os servidores públicos tiveram desde 2019. Contudo, a possibilidade de pagar o acumulo de atrasos da RGA não consta na PEC.
“É um projeto inconstitucional. Eles estão brincando com a cara do próprio servidor, brincando com a cara dos mato-grossenses. Eles não podem fazer isso. Obviamente que é eleitora gente. Se a Constituição diz claramente, todo mundo sabe disso, o Legislativo não pode fazer nenhum projeto que cria despesa. Quando faz, é inconstitucional”, reclamou.
“Estão enganando as pessoas. Tem que parar com isso. É fazer nós perdermos nosso tempo, o Judiciário perder o tempo e enganar as pessoas. Achar que é trouxa. Esse tipo de política tem que ser banida do nosso meio. Vamos fazer coisa séria, vamos fazer coisa que dá resultado, né? Isso não dá resultado”, completou.
A deputada estadual Janaina Riva (MDB), pré-candidata ao Senado, que compõe a Comissão que discute a PEC e a discussão da RGA dos servidores do Estado partiu para o confronto com o governador. Segundo ela, o governador estaria mal informado, já que a PEC só trata de fixar o índice UPF e estabelecer como data-base o mês de janeiro.
“Acho que o governador está mal assessorado e informado. Porque a PEC só trata sobre índice e sobre a data-base, que defendemos ser em janeiro, já que o próprio governo paga em janeiro”, explicou.
A parlamentar ainda afirmou que as discussões sobre qualquer reposição da RGA só ocorrerão em projetos encaminhados pelo governo do Estado e com os servidores. “Não sei de onde ele tirou essa questão dos 20% de RGA. Até porque, para discutir isso, é preciso ter dados concretos, com índice e tudo. Mas a Assembleia está aberta ao diálogo e se o governador quiser vir discutir será bem-vindo”, finalizou.
Embate político
Nos bastidores, o que se comenta é que o posicionamento duro do governador contra a PEC ocorre porque Janaina Riva está comandando a comissão de discussão. O temor do governador é que a RGA seja a principal bandeira da deputada nas eleições do ano que vem, quando pretende disputar o Senado, mesmo cargo que o governador concorrerá.
Ecumenismo na saúde.
Outro destaque da semana do governador Mauro Mendes foi uma ação importante para área da saúde pública do estado, em especial para a capital onde foi prefeito. Uma ação administrativa que chama a atenção também para um interessante traço cultural. Cuiabá, que tem forte e bela presença da comunidade sírio-libanesa, ganha a partir de agora uma forte presença da comunidade israelita na área de saúde:
O Governo de Mato Grosso e o Hospital Israelita Albert Einstein assinaram, nesta terça-feira (22.4), um contrato para a gestão do Hospital Central de Alta Complexidade, em Cuiabá, cuja construção já está 98% concluída. A unidade ofertará 100% dos serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que são gratuitos para a população.
A assinatura ocorre após 40 anos do lançamento do Hospital Central, projeto que ficou inacabado por décadas no Estado.
“O Governo de Mato Grosso, através da Secretaria de Estado de Saúde, assina com o Hospital Israelita Albert Einstein o contrato de gestão para que eles possam gerenciar o Hospital Central nos próximos anos. Tenho certeza que será uma parceria longeva, porque o Governo do Estado hoje tem todas as condições de honrar aquilo que está no contrato e tenho a mesma tranquilidade em dizer que o Einstein tem todas as condições de prestar aqui um serviço de alta qualidade, com grande performance, entregando tudo aquilo que está sendo contratado”, afirmou o governador Mauro Mendes.
A estrutura do hospital, que foi ampliada em 23 mil m2 e totaliza 32 mil m2 de área construída, será concluída até setembro deste ano e conta com um investimento aproximado de R$ 221,8 milhões em obras. O Estado ainda prevê um investimento de R$ 240 milhões em equipamentos para a unidade.
Com 287 leitos, sendo 60 de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), 36 de Unidades de Cuidados Intermediários (UCI) e 191 de enfermaria, o Hospital Central foi projetado para atender às demandas de alta complexidade em saúde.
Inicialmente, estão previstas para o hospital as especialidades de cirurgia geral, cirurgia do aparelho digestivo, cirurgia vascular, urologia, cirurgia pediátrica, ginecologia, mastologia, cirurgia plástica, neurocirurgia, cirurgia cardiovascular, ortopedia pediátrica, cardiologia, neurologia e pediatria. Todas as especialidades cirúrgicas atenderão um escopo diversificado, incluindo cirurgia oncológica.
Além disso, o hospital contará com cirurgia robótica com foco em cinco especialidades – cirurgia geral, aparelho digestivo, ginecologia, urologia e cirurgia pediátrica. Há também a perspectiva de inclusão de novas especialidades, como transplantes de rim e fígado.
“Esse é um marco que simboliza não apenas o avanço da Saúde Pública no nosso estado, mas também a realização de um sonho, aguardado há mais de 40 anos pela população. Esse passo é fruto de uma gestão comprometida, que entende que Saúde não é gasto, mas sim investimento. Não há parceria mais estratégica do que unir a estrutura do Governo do Estado com a experiência e a excelência do Einstein. Mato Grosso merece isso, nossa gente merece isso”, declarou o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo.