Região composta por 10 municípios que, juntos, possuem um rebanho bovino com quase 2,7 milhões de cabeças, a região do Vale do Guaporé vê a agricultura avançando nas últimas décadas, ampliando o leque de oportunidades dentro e fora do campo. Segundo especialistas e o setor produtivo, as culturas do milho e do sorgo apontam ser culturas de segunda safra promissoras na região.
O DDG e as agro oportunidades para o Vale do Guaporé foram debatidos na manhã desta sexta-feira (30) no 1º Fórum Técnico da 9ª temporada do projeto Mais Milho, direto da Oeste Rural Show em Pontes e Lacerda (MT).
O bate-papo trouxe dois painéis sobre como o DDG está transformando a pecuária e sobre as perspectivas para o agro na região.
Segundo o professor e coordenador do Confinamento Experimental da Universidade Federal de Goiás (UFG), Juliano Fernandes, o DDG, coproduto oriundo da produção de etanol de milho, para a pecuária bovina é algo interessante em termos de dieta animal.
“É um produto energético e proteico. Ele tem proteína acima de 30% e mais energia que o próprio milho”.
Zootecnista na FS Fueling Sustainability, Gustavo Oliveira comentou que o surgimento de novas tecnologias tem permitido que as usinas consigam produzir diferentes tipos de DDG, ou seja, diferentes moagens, fermentação e quantidade proteica e outros nutrientes.
Crescimento de indústrias favorece a pecuária
Ainda de acordo com o professor da UFG, Juliano Fernandes, o crescimento de indústrias de etanol de milho em operação no Brasil tem favorecido o setor pecuário, uma vez que a presença destas em vários pontos do país, inclusive em estados como Maranhão e Tocantins, permite que o coproduto chegue mais rápido ao produtor.
Mato Grosso na safra passada produziu 2,7 milhões de toneladas de DDG e conta com uma projeção de alcançar 6,7 milhões de toneladas nos próximos 10 anos, destacou o coordenador de Inteligência de Mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Rodrigo Silva.
Em termos de Brasil, no ciclo passado foram produzidas 4 milhões de toneladas de DDG e a previsão para a próxima década é chegar em 10,4 milhões de toneladas.
O crescimento da produção é creditado ao avanço das usinas, bem como da união delas para o envio do produto para outras localidades e até mesmo para o mercado externo.
“Mato Grosso assumiu na safra passada a posição de maior produtor de etanol à base de milho. Esse ano continuou e aumentou a distância [de outros estados] e está se aproximando de São Paulo no total de produção de etanol. São Paulo é bem forte na parte de cana-de-açúcar e o crescimento de Mato Grosso no etanol é absurdo. Então, com isso, temos uma grande oferta de DDG. Temos mais opção de produtos para escolher para a dieta animal”, salientou Rodrigo Silva.
O potencial do milho para a produção de biocombustível, de acordo com o zootecnista na FS Fueling Sustainability, Gustavo Oliveira, pode ser observado em termos de produção. Enquanto mil quilos de cana-de-açúcar produzem 100 litros de etanol, diz ele, a mesma quantidade de milho produz 400 litros de etanol.


Etanol pode impulsionar produção de sorgo
Assim como ocorreu com o milho, a produção de etanol a partir do sorgo pode impulsionar a produção do grão no país, na avaliação do professor da UFG, Juliano Fernandes.
“Esse vai ser outro boom na produção agrícola. O boi também come DDG de sorgo. O Kansas é o estado que mais produz sorgo nos Estados Unidos e lá há muitos trabalhos de pesquisa com o DDG de sorgo na dieta dos animais”.
Para o vice-presidente Oeste da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Gilson Antunes Melo, quando se fala em produção de etanol de sorgo o setor produtivo vê como “uma boa notícia”, principalmente para as regiões de baixa altitude e com regimes pluviométricos menores.
“O sorgo é menos refém da umidade da água. Um dos gargalos da produção dele, além de tecnologias para controle de ervas daninhas e herbicidas, é a comercialização. Se trata de uma cultura que pode ser produzida com etanol, então já muda a cadeia produtiva dele”.
Gilson Melo pontuou ainda acreditar que o sorgo “cai como uma luva, principalmente naquelas áreas em que o produtor planta mais tarde e quer correr menos risco. E se você tem uma garantia de preço, acho que só vem ajudar a agricultura como um todo”.
O avanço da agroindustrialização do milho e sorgo em diferentes regiões do país, principalmente em Mato Grosso, além de estabilizar os preços, permite que o produtor possa se planejar melhor, destacou o vice-presidente Oeste da Aprosoja-MT.
Na região do Vale do Guaporé, mais de 300 mil hectares estão destinados para a produção agrícola.
“Acho que a cultura do milho ainda engatinha aqui, porque com um rebanho de dois milhões de cabeças praticamente o que se produz fica aqui mesmo. Mas, eu acredito que em pouco espaço de tempo, com tecnologia, variedades adaptadas, o agricultor começa a ter mais segurança, começa a pensar melhor na safrinha. E quando acontecer isso, as empresas também começam a olhar para cá”.
Durante o Fórum Técnico do projeto Mais Milho, realizado pela afiliada de Mato Grosso do Canal Rural, o coordenador de Inteligência de Mercado do Imea, Rodrigo Silva, lembrou o boom observado na produção de milho desde o início das operações das primeiras usinas de etanol de milho.
“Olhando a produção histórica do milho, antes de termos as usinas aqui, a área subia e descia não só por ser refém do clima, mas também do produtor querer investir. Tanto que na safra 2022/23 batemos o recorde com 52,5 milhões de toneladas e para esta safra projetamos 49 milhões de toneladas. Mas, o time que está em campo já falou que a tendência é que suba”.
Rodrigo frisou que a tendência é que o sorgo siga o mesmo caminho no futuro.
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