Minha família chegou a Cuiabá em 1964, eu tinha 4 anos e fomos morar na Rua Barão de Melgaço, próximo à antiga Residência Oficial dos Governadores, onde ainda hoje funciona a Copiadora 3 Irmãos. Logo no ano seguinte nós mudamos para o bairro Popular, esse mesmo dos bares e restaurantes badalados, naquela época um bairro de casas populares. Meu pai era Juiz de Direito e minha mãe professora,funcionários públicos e com salários à época muito baixos.
Moramos no Popular por 10 anos, foram anos maravilhosos, passei minha infância ali, com amigos fantásticos e pessoas que ajudaram a moldar o ser humano que sou hoje.
Quando nós mudamos, fomos recebidos pelos vizinhos, como os cuiabanos e só eles sabem fazer, e já nos sentimos em casa. Lembrar de Dona Sidóca e Seu Paulo, Dona Olinda, família Daltro, Dr. Agnelo, família Nunes, Seu Mário e Dona Hilda e tantos outros é recordar os melhores anos da minha infância e adolescência.
Hoje quero falar da minha Mãe Preta, Dona Hilda, mãe de 11 filhos, mulher especial que criou a todos com muito amor. Dona Hilda uma negra linda, lutadora, simpática e amorosa. Quando a conheci já me apaixonei, sou amigo de seus filhos e filhas e um de seus filhos, Carlos apelido de Canhão, eu e ele éramos inseparáveis. Eu era o Carlinhos branco, ele o Carlinhos preto, vivi e cresci dentro da casa deles, sempre sendo tratado como um filho,aliás como sou tratado até hoje.
Minha mãe, Dona Ida Avallone, cozinheira também de mão cheia, fazia comidas italianas, macarronadas, lazanhas, eu trocava pelas comidas da Romana, uma das filhas de Dona Hilda, comidas cuiabanas. Eu adorava sentar na mesa com 11 irmãos, sempre tinha um lugar pra mim, se apertavam e eu me deliciava com as comidas. Hoje eles moram no CPA e eu adoro ir comer lá. Dona Hilda, minha mãe Preta está com 96 anos, cercada de muito amor e dedicação de uma família que soube educar e eu tenho muito orgulho de ser filho dela.
Eu a amo e sei que sou amado por ela, a senhora é um dos motivos pelos quais eu sempre vou morar aqui, Cuiabá é especial, o cuiabano tem uma bondade que não existe, quando Deus fez, a fórmula foi perdida.
Te AMO
P.S: Este artigo foi publicado há dois anos. Dona Hilda, minha Mãe Preta, nos deixou neste domingo aos 98 anos. Que Deus a receba e acalme os nossos corações, esta merece o Reino de Deus.
Carlos Avallone é deputado estadual
