O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre Moraes decretou a prisão preventiva e a inclusão do nome da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na lista de procurados da Interpol, nesta quarta-feira (4). A ordem atende ao pedido da PGR (Procuradoria Geral da República).
A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além da perda do mandato e pagamento de R$ 2 milhões por danos coletivos.
Ao portal CNN, a parlamentar disse que está nos Estados Unidos e que pretende ir para a Itália. Segundo a própria, ela seria “intocável” em território italiano, pois tem dupla cidadania e, por isso, não teme a prisão.
A condenação, imposta pela Primeira Turma do STF, ainda está em fase de recurso. As investigações apontam que Zambelli foi a autora intelectual do ataque hacker que tentou emitir um falso mandado de prisão contra Moraes. A ação foi executada por Walter Delgatti, também condenado no mesmo processo.
Horas antes do pedido da PGR, Zambelli afirmou, em entrevista a um canal no YouTube, que está na Europa há alguns dias. Alegou que viajou para continuar um tratamento de saúde e declarou que pedirá licença do mandato, que será assumido pelo suplente Coronel Tadeu (PL-SP). A parlamentar evitou informar em qual país está, mas justificou a escolha da Europa pelo fato de possuir cidadania italiana, o que poderia dificultar um eventual pedido de extradição.
A saída do país, dias após ser condenada pelo STF, gerou reações imediatas. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara, protocolou uma representação solicitando que a PGR adote providências para garantir a prisão preventiva da deputada. O parlamentar também pediu a inclusão do nome de Zambelli na lista vermelha da Interpol, o bloqueio de seus bens, a abertura de processo de extradição e a revogação de seu passaporte diplomático.
O advogado Daniel Bialski, que atuava na defesa da deputada, comunicou sua saída do caso após ser informado de que Zambelli havia deixado o país para tratamento médico. Segundo ele, a decisão ocorreu por motivo de foro íntimo.
Ataques ao STF e nova estratégia política
Durante a entrevista, Zambelli reconheceu que a condenação no STF influenciou sua decisão de sair do país. Criticou os ministros da Corte, questionou a Justiça Eleitoral e disse que pretende manter sua atuação política à distância, a exemplo do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se licenciou do cargo e se mudou para os Estados Unidos.
Zambelli também citou outro processo em que é ré no Supremo, relacionado ao episódio em que sacou uma arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo em São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. O julgamento já tem maioria para condená-la a mais de cinco anos de prisão, mas está suspenso por pedido de vista do ministro Nunes Marques.
Com receio de perder o controle de suas redes sociais por ordem judicial, a deputada afirmou que o conteúdo passará a ser administrado por sua mãe. Segundo ela, os perfis continuarão sendo usados para divulgar mensagens políticas e críticas ao Judiciário brasileiro. Também voltou a levantar suspeitas, sem provas, sobre as urnas eletrônicas e a segurança do sistema eleitoral.
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