A pequena creche municipal Colombo Cacélia, no Jardim Imperial, em Cuiabá, é o cenário de mais um caso de negligência com crianças especiais por parte da Prefeitura de Cuiabá. José Gabriel, de apenas 2 anos, diagnosticado com autismo não verbal, quebrou a perna durante o horário escolar nesta terça-feira (06/05) e, segundo a avó Sueli Vebra Fonseca, o acidente poderia ter sido evitado se houvesse uma Cuidadora de Alunos com Deficiência (CAD) na unidade.
“A escola foi totalmente negligente”, desabafou Sueli, revoltada. “Meu neto ficou chorando de dor, sem socorro, e ninguém da diretoria sequer me explicou o que aconteceu. Só disseram que ele caiu brincando com um carrinho”, relatou.
Falta de assistência e descaso
A avó conta que a família já havia alertado a escola sobre a necessidade de um acompanhante especializado, já que José Gabriel não tem sensibilidade à dor e não consegue comunicar quando se machuca.
“Três vezes a escola pediu a CAD, mas o prefeito [Abilio] não liberou. E agora meu neto quebrou a perna”, criticou a avó. “O prefeito bate no peito dizendo que faz isso, que faz aquilo, mas ele não está fazendo nada. Queria ver se fosse um filho dele depender disso, isso que eu queria ver”, reclamou Sueli.
O descaso, porém, não parou no acidente. Após a queda, a criança foi entregue ao pai – que a buscou na escola – sem qualquer atendimento médico. “Ele chegou em casa com a perna inchada, um caroço visível. Corri para a UPA Pascoal Ramos, mas ficamos 40 minutos esperando, sem ser atendidos”, descreveu Sueli.
Sem assistência, a família peregrinou por hospitais. “Fomos à Santa Casa, mas disseram que não tinham ortopedista. Só no HMC [Hospital Municipal de Cuiabá] ele foi atendido, fez raio-x e recebeu medicação. O médico disse que a pancada foi forte, o osso estava rachado”, relatou.
“A Educação está um caos”
Sueli não esconde a indignação com a Prefeitura. “O prefeito, ao invés de ficar como um paparazzi de porta em porta se metendo em coisas que não deve, ele tinha que dar assistência para as crianças porque a educação está um caos, a saúde está um caos, gente despreparada em sala de aula”, disse a avó.
Ela lembra que, na gestão anterior, a creche tinha CADs, mas atualmente há pelo menos três crianças autistas na sala de José Gabriel sem acompanhamento. “O neuro pediu uma CAD para ele, está no laudo dele que ele necessita de uma CAD”, afirmou.
O que diz a Secretaria de Educação
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Cuiabá, que enviou uma nota e alega que a família não apresentou o laudo da criança. A Prefeitura não comentou sobre pedidos da escola por mais cuidadoras na unidade.
A Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Educação informa CEIC Colombo, no bairro Jardim Imperial, sofreu uma fratura em uma unidade escolar e recebeu imediatamente todo o suporte necessário.
Inclusive, o pai foi avisado após o ocorrido. Após ser acionado, ele encaminhou o aluno para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), que constatou a fratura. A gestão municipal tem dado todo suporte à família tratado o caso com total responsabilidade e atenção.
Esclarece-se, ainda, que até o momento não foi apresentado pelos responsáveis da criança nenhum laudo que comprove o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Tal documentação é indispensável para que o aluno tenha acesso ao acompanhamento individualizado por meio de uma Cuidadora Especial (CAD), conforme estabelece a legislação vigente.
Demonstrando sensibilidade e compromisso com o bem-estar do aluno, a Secretaria Municipal de Educação já agendou, para o próximo dia 12 de maio uma avaliação com profissionais especializados, a fim de oferecer o suporte adequado diante de eventual confirmação do diagnóstico.
A Prefeitura de Cuiabá, reafirma seu compromisso com a inclusão, a qualidade no ensino e a segurança de todas as crianças da rede municipal, adotando medidas concretas diante de cada situação.
Ressalta ainda que no ano letivo de 2024 haviam 924 CADs contratadas na rede pública municipal. A atual gestão já contratou para esse ano 1.700 cuidadoras e mais 300 serão contratadas até o final do mês de maio para completar o quadro de CADs.
