Os criminosos da facção criminosa Comando Vermelho, que foram presos por cobrarem taxa de segurança de comerciantes em Várzea Grande, nessa segunda-feira (10), chegavam até os proprietários com a proposta de um novo projeto de segurança paralelo ao da segurança pública.
Segundo o delegado da Draco (Delegacia Especializada em Repressão ao Crime Organizado), Rodrigo Azem, as ameaças evoluíam gradativamente caso os comerciantes se recusassem a contribuir com o “projeto” da facção.
Dois dos principais suspeitos desses crimes foram presos durante a Operação A César o que é de César, deflagrada nesta segunda-feira, após denúncias anônimas.
“Eles chegavam e diziam: ‘é um projeto novo’. A ameaça é gradativa, que começa como um convencimento. Eles querem substituir o Estado, oferecendo as vantagens”, disse o delegado, afirmando que os faccionados atuavam como um “terceiro estado regulador”.
Rodrigo Azem afirmou ainda que, como vantagem da adesão ao projeto de segurança da facção, os comerciantes tinham a garantia de que não seriam mortos e que não teriam os estabelecimentos incendiados.
“Eles tentam justificar o que estão fazendo, mas os comerciantes, em relação à taxa de faturamento, eles aderem puramente pelo medo”, explicou.
O valor pago, inicialmente, era baixo, conforme informou o delegado. Ele não soube informar uma quantia exata. Entretanto, posteriormente, os criminosos pediam o balanço, estoque e faturamento da empresa e passavam a cobrar novos valores, conforme os rendimentos.
Eles tinham o conhecimento de gerenciamento de empresas, segundo a polícia.
Abordagem dos comerciantes
Os criminosos iam pessoalmente até as empresas conversar com os proprietários ou faziam chamadas de vídeo pelo WhatsApp.
“Não é uma chamada individual, geralmente são 8, 10 pessoas. Eles falam que alguns estão presos para exercer pressão psicológica”.
Muitos comerciantes relataram que compraram armas de fogo para se defenderem, mas pensaram em tirar a própria vida pela situação que estavam enfrentando.
Como forma de convencimento, os criminosos usavam como exemplo o incêndio no Shopping Popular de Cuiabá, mesmo tendo comprovações que o fogo não foi criminoso, além de referências de mortes de outros empresários, como forma de aterrorização.
Golpistas aproveitam da situação
Além da pressão dos faccionados, golpistas de outros estados aproveitavam da situação para aplicar golpes nos comerciantes.
Segundo o delegado Rodrigo Azem, eles viam notícias em portais e ligavam para os comerciantes, se passando por integrantes de facções para pedir dinheiro.
“Vão no Google, entram em contato com os comércios e praticam a situação. Nós que já temos essa experiência, ‘de cara’ conseguimos identificar que é golpe, mas a vítima entra em desespero”, finalizou.
-
Comerciantes de Várzea Grande temem por nova “quebradeira” com obras do BRT